sábado, 14 de novembro de 2009

A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude ( F. de La Rochefoucauld)

Hoje o tema é polêmico embora presente em todos nós, um pouco mais e um pouco menos dependendo do momento que vivemos e , claro, dependendo da essência de cada um.
Falarei sobre Hipocrisia.
A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico).
Essa palavra passou, mais tarde, a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos.

Um exemplo clássico de ato hipócrita é denunciar alguém por realizar alguma ação enquanto realiza a mesma ação.
O cientista cognitivo Keith Stanovich fez uma carreira do estudo da hipocrisia. Ele a vê como surgindo da incompatibilidade de tais coisas como o interesse próprio e os desejos com crenças de ordem mais alta na moralidade e na virtude. As únicas pessoas que não são hipócritas são a minúscula e talvez não-existente minoria que é tão santa que nunca se entregam a seus instintos mais básicos e o grupo maior que nunca tenta viver segundo os princípios da moralidade ou virtude. Ele dessa forma defende que os hipócritas são na verdade a classe mais nobre das pessoas.
Bem , como podem ver , muita polêmica surge deste tema e muita coisa se pode falar.
Sem concordar ipsis literis com o raciocínio de Stanovich, façamos uma reflexão.
Na verdade , quem de nós já não assumiu uma postura julgadora sobre atos e comportamentos de outrem quando nós mesmos não teríamos capacidade de assumir a postura ou comportamento por nós advogado?
Se pudessemos parar de exigir dos outros aquilo que nós mesmos ainda não conseguimos atingir talvez pudessemos ser menos " judgmental" e alcançaríamos mais facilmente um estado de felicidade.
Há , na psicanálise, a tese que , dependendo da relação que temos com determinada pessoa podemos projetar nossas exigências (de maneira hipócrita) visando a criticar naquela pessoa o que, em nossa mui velada auto-crítica, falta a nós mesmos.
Será que aquelas críticas ao comportamento de amigos, colegas , parceiros de vida ou de trabalho , familiares,não são ,de fato, críticas que fazemos à nós mesmos?
Pensemos então nesta questão e, antes de criticarmos e julgarmos, corrijamos nossa própria postura.
Não fui , neste texto , de forma alguma hipócrita. Tento e sempre tentarei fazer isso em minha vida.
Nem sempre consigo....Talvez , na menor parte das vezes, mas a cada dia mais um pouco...
Abandonemos o posto de guardiões de toda a moral da humanidade e pulemos para a platéia, vendo assim , que aquela coerência absoluta que exigimos do próximo , na verdade nem em nós mesmos encontramos. Assim identificamo-nos com os seres humanos normais em constante e perene processo evolutivo.
Um beijo grandão!
Marcio

"Menos mal faz o hipócrita que se finge bom do que o público pecador."
(Miguel de Cervantes)

Nenhum comentário:

Postar um comentário