sábado, 19 de junho de 2010

É A GUERRA....O PAÍS ESTÁ EM RECONSTRUÇÃO...

Bem...Não sei se é certo comparar guerras. Nem sei se é certo comparar países...
Mas como não sei se sou certo também...E sinceramente, como os italianos dizem...Che mi nefotte?...Vou comentar...
Vim a Zagreb , Croácia, a trabalho.
Vim para um país que até 10 anos atras estava em guerra civil aberta, passava fome , tinha um inverno abissal com temperatura média de 1C durante 4-5 meses ao ano.
Encontrei um país,que se fosse definir em uma palavra, poderia escolher , entre Verde, Limpo, Bonito...Mas ecolherei Organizado.Sim , isso é o que a Croácia me passa . Uma incrível idéia de organização. Um país pacato , de povo amável, hospitaleiro, educado.
Uma preocupação com o social incrível. Um país que teve 1/3 de seu território Minado e hoje tem 90% do território minado, já limpo... País sem petróleo..Apenas um pouco de Gás Natural no Mar Adriático..
Então a comparação com outro país em que eu conheço bem é inevitável.
Seria a guerra explicação para a falta de educação? A falta de respeito? A desorganização social? A Corrupção disseminada?
Pessoalmente acho que não. Porém sei que muitos pensam que sim...Talvez seja mais fácil do que admitir que seja um problema cultural...de solução mais difícil..

sábado, 12 de junho de 2010

MORTE E VIDA MWANGOLÉ

A única certeza que temos á a da morte....
Isso é o que diz a velha frase.
A morte impacta de maneiras diversas sociedades.
Há quem diga que a diferença pode ser determinada pela crença em uma vida posterior , paralela ou seja lá o que for.
Hoje comento sobre o que representa a morte em Angola , aonde é denominado por todos funeral e/ou óbito.
Acho incrível o espaço que o óbito ocupa na mídia. Todos, digo TODOS, lêem as - Sim AS- páginas que trazem a lista de falecidos. Todos eles com sua respectiva fotinho ao lado.
São ao menos 3 páginas de jornal todos os dias. Horas, intervaladas é verdade, de rádio por dia, comunicando aos ouvintes uma lista nominal de pessoas que passaram desta para uma melhor.
Os legisladores ,que por consuetude atuam sempre dissociadamente do anseio popular , neste caso seguem à risca os costumes e ,em sua Lei Geral do Trabalho , incluíram várias classes de dispensa laboral por nojo( O nome jurídico deste tipo de dispensa laboral).
A mais curiosa delas é a que diz que se a pessoa compartilha a mesa por mais de uma vez por semana com alguem e esse alguem morre a pessoa que fica goza 3 dias de dispensa.
O duro é que em Angola as pessoas têm o hábito de sentar à mesa acompanhadas de várias pessoas.. eheheh...O número de funcionários dispensados por esta razão é inacreditável. E várias vezes ao ano...
Os óbitos são chamados "infelicidades"...o que não se aplica muito ao caso de determinadas sogras não?
Os funerais duram em média 4 dias , e arma-se uma grande mesa , na qual os visitantes podem se servir à vontade e sobre a qual repousa uma foto do falecido.
Tudo isso entremeado por lençois de cetim de gosto muito duvidoso...
Há mulheres que cantam e se lamentam emitindo grunhidos e sons ininteligíveis...
Tudo muito exagerado se visto sob a nossa ótica ocidental.
Os funerais podem ainda surpreender pela inventividade e precariedade. Dia desses ao parar meu carro num sinal olhei para o lado e vi uma camionete destas tipo S-10 com várias destas senhoras carpideiras na caçamba, umas 10 pessoas dentro da cabine e , ao olhar bem a caçamba consegui ver um corpo envolto em um edredon....
Já um pouco mais ao norte , em Cabinda, segundo os costumes congoleses, o suicida é considerado um pecador sem direito a perdão e destinado a vagar pela Terra eternamente sob a forma de corvo , N´Gongongo no dialeto fiote,com a função de anunciar à morte as casas nas quais ela deveria fazer sua "colheita" . Quando se encontra uma folha de N´Gongongo em sua casa é porque a morte por ali passou ou passará.
Curioso não......me dá uma sensação de que ,mais do que todos nós, a passagem terrestre para eles é somente um eestágio para a morte...alguem mais criterioso poderia até mesmo vislumbrar uma certa fascinação...
Por hoje é só!
Abraços

sexta-feira, 4 de junho de 2010

OURO NEGRO....PRAIA NEGRA...MAR NEGRO...

Depois de 6 semanas vazando petróleo e gás no Golfo do México, nota-se uma calmaria de todos em relação ao que foi o maior desastre ecológico dos Estados Unidos e certamente um dos maiores do Mundo.
No momento em que a mancha de petróleo atinge as praias da Florida em pleno inicio de verão americano,a indignação praticamente se restringe às populações dos estados da Louisianna e Alabama... e ao Presidente Barack Obama...
Nem mesmo a população do Texas , estado igualmente afetado, se manifestou muito claramente , o que talvez, deva-se ao fato da Indústria Petrolífera ter naquele estado a sua "meca".
Será esse um fato isolado?
Certamente não. É inegável a gravidade da situação e o seu impacto na economia local que se refletirão por anos a fio.
Mas talvez o grande diferencial desta situação seja o fato de ter acontecido em pleno Golfo do México, no backyard norteamericano e pelo fato de ter sido provocado por uma companhia petrolífera "estrangeira".
O que devemos aprender com essa verdadeira corrida ao ouro negro?
Creio que por experiência própria digo que a industria extrativista do Petróleo não necessariamente significa enriquecimento da população e muito menos desenvolvimento das áreas que abrigam as reservas...Cito exemplos clássicos como os de Cabinda(Angola), Pointe Noire (Congo Brazaville) e Macaé( Rio de Janeiro) , locais detentores de enormes reservas , porém profundamente atrasados em todos os aspectos.
Deste episódio no Golfo do México pode-se concluir ainda que a chamada Lei Ibsen Pinheiro, de distribuição dos "royalties" do petróleo de maneira equânime é uma grande estupidez. Podemos perguntar ao deputado Pinheiro ,quem arcará com os prejuízos , no caso de um acidente semelhante a este do Golfo ocorrer em Macaé? Será que sua lei também prevê a partilha do ônus de um acidente ecológico, desempregos, doenças que vêm na esteira de um acidente deste tipo e que perduram por décadas?Não acredito.
Por último , creio que fica patente uma máxima que aprendi na Cirurgia... Se a pessoa não sabe tratar a complicação NÃO deve executar o procedimento.... Fica claro que sabemos extrair o petróleo em aguas profundas e no Pré-Sal (que é mais profundo do que o que se considera Aguas Profundas)...Porém fica bem mais claro que NÃo se sabe como proceder quando alguma coisa dá errado...
Abraços...