segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Você fala sobre sexo com seu(s) filho(s) ou sua(s) filha(s) ?

Falar sobre sexo nunca foi facil e muito menos confortável para qualquer um dos envolvidos. Os pais têm medo e as crianças ficam apavoradas. E talvez seja justamente por isso que a conversa vem tarde demais e geralmente após o fato ocorrido.
Foi isso que mostrou o mais recente estudo realizado sobre o assunto , na Universidade da California em Los Angeles (UCLA) e do qual vamos falar um pouco aqui.
O Dr Mark Schuster , medico que conduziu o estudo, chegou a numeros assustadores para aqueles que são pais de adolescentes ou pré-adolescentes.
Pra começo de conversa , Schuster concluiu que 40% das crianças somente vão ter a famigerada conversa depois de terem intercurso sexual....
O estudo conclui ainda que aqueles adolescentes que costumam conversar sobre sexo com seus pais têm o seu primeiro encontro sexual retardado e fazem sexo de maneira mais segura que os outros.
O trabalho , publicado na revista Pediatrics envolveu 141 famílias . Pais e filhos entre 13 e 17 anos responderam a um questionario de 24 itens sobre sexo. Itens esses que abrangiam desde pegar a mão até beijo na boca , sexo oral e homossexualismo.
Os pais e filhos eram entrevistados isoladamente de maneira a minimizar qualquer eventual constrangimento que a presença dos pais pudesse provocar.
Conclusões ainda mais interessantes e que devem servir como sinal de alerta a todos nós foram alcançadas, como por exemplo a informação de que mais de 50% dos pais disseram nunca ter discutido 14 de 24 itens com seus filhos.
Quando abordadas , 42% das meninas informaram nunca terem recebido qualquer informação sobre contracepção. E mais grave ainda, 40% delas disseram nunca terem sido informadas sobre como recusar o sexo ANTES de se atingir o nível de toque genital, o que serviria para proteger a maioria delas de abusos praticados na adolescência muitas das vezes pelos proprios pais.
Já 70% dos rapazes disseram nunca terem sido informados sobre como usar uma camisinhaou qualquer outro método contraceptivo, antes de seu primeiro contato sexual.
O que ocorre gente , é que muitas das vezes os pais acham que tiveram a conversa , que são difíceis até para si próprios quando tentam abordar este tema mesmo com seus parceiros.
Isso faz com que o assunto seja abordado da maneira mais vaga o possível e , não podia ser de outra forma, passa de maneira igualmente vaga pelos filhos....
Cria-se uma grande e cinzenta nuvem em torno do sexo.... E a chuva que cai desta nuvem , posso garantir, não é nada refrescante. Cai em forma de abusos sexuais, em forma de gravidez indesejada , abortos mal feitos, e em última análise, crianças rejeitadas criadas por avós e pais despreparados...
Esta grande nuvem é alimentada todos os dias pela nossa inércia, pelos padrões impostos pela nossa criação cristã baseada naquilo que pode e naquilo que não pode. Linhas rígidas, sem deixar qualquer margem de manobra para os pais e para os filhos.
Muitas vezes transferimos a nossa responsabilidade de pais para a nossa crença no poder da informação atual, achando que as notícias vêm até nossos filhos. Essa crença nos propicia um conforto maravilhoso. E nem é de todo falsa. As informações e notícias vêm de qualquer maneira mesmo. Mas vêm tardiamente , deturpada e cheias de "bias" que ajudam a esculpir distorções por vezes incorrigíveis nas personalidades sexuais de nossos filhos e filhas.
Neste estudo me assusta principalmente o fato de 40% das meninas alegarem nunca haverem recebido informação sobre como recusar ou impedir a abordagem sexual ANTES do toque genital..Ou seja , antes do momento em que efetivamente a menina teria chance de defesa....
Isso se chama prevenção. E é a melhor maneira de nunca termos que fazer o controle de danos ( Damage Control)...
Há ainda a informação que no trabalho passou como apenas mais um dado , mas na minha opinião é muito relevante , de que apenas 10% das crianças que contaram para seus pais algum tipo de abuso sexual foram por eles levadas a sério.
Não se trata de colocar os pais em uma posição de verdugos ou de irresponsáveis. Não!
Somos produtos da nossa sociedade , e ela dita as regras assim. Cabe a nós romper com as regras ou não. A ruptura é difícil , incômoda e nos tira daquela posição de provedores de dinheiro e cobradores de estudos e boas maneiras nos colocando numa posição muito menos confortável , embora muito mais nobre e recompensadora a longo prazo, que é a de verdadeiros amigos e orientadores dos nossos filhos.

Um beijo

Marcio

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